Praia de Torres/RS Novembro/2014
No começo a palavra gordo doía, ainda mais quando com 12 anos de idade se pesa mais que 120 kg.
O temor dos pais perante doenças da obesidade, se mesclava com os apelidinhos "carinhosos" do tipo: baleia, rolha de poço, bola, etc.
Minha mãe evitava me deixar ir em parques aquáticos e lugares que pudesse me expor ao ponto de me humilharem.
Na escola era um terror psicológico todos os dias. Apesar das notas boas, alguns cismavam em me lembrar toda hora que eu era gorda.
Mas antes não era assim... até meus sete anos eu era magra, me chamaram uma época para fazer teste de modelo, mas devido a timidez não fui. Mais tarde tive problemas de saúde e comecei a engordar até chegar ao peso máximo de 120 kg.
Odiava tirar fotos, fazer apresentação em público, me vestia como menino pra me esconder.
Quando comecei a perceber, me encontrava praticamente em depressão.
Comecei a me cuidar e a ter auto-estima, quando vi amigas minhas magérrimas com anorexia, por pura neurose de alcançar um tal de corpo perfeito.
Percebi que precisava me amar mais e aceitar meu lugar no mundo, que pessoas magras também não eram felizes consigo, mas por falta de amor a si mesmas.
Comecei a me cuidar então. Fiquei 5 anos sem chocolates, devido a grande quantidade de espinhas. Perdi 26 kg sem nem perceber.
Cortei cabelo, fiz sobrancelha, me maquiei, mudei meu jeito de me vestir e hoje estou aqui...
Com 1,69 de altura, 94 kg, exames de saúde em dia e segundo meu médico, ótimos, melhores até que pessoas magras.
Quando dei às costas aos comentários mesquinhos, foi quando comecei a me amar...e aí estou!